A importância das repúblicas estudantis para o carnaval de Ouro Preto
Otávio Luiz Machado
É fato que as repúblicas estudantis da UFOP contribuem decisivamente para o engrandecimento do carnaval de Ouro Preto. Blocos, animação, experiência acumulada na arte de receber pessoas em seus espaços, referência no circuito turístico e um conjunto significativo de jovens interessados em trabalhar muito para que as atividades sejam realizadas plenamente com o objetivo de manutenção e conservação das próprias casas.
Foi com o empenho dos estudantes que Ouro Preto tornou-se conhecida nessa data nacional e em tantas outras, bem como permitiu a realização de atividades de milhares de jovens que viam a Ouro Preto participar do seu Festival de Inverno ou de excursões escolares.
Mas as visões preconceituosas e carregadas de informações distorcidas a cada dia desconstrói o que foi formado por gerações de estudantes nas repúblicas. O mais injusto que é divulgado por todos os cantos é que as repúblicas não contribuem para a conservação dos prédios históricos.
Os estudantes sempre tiveram a confiança e foram respeitados por seu trabalho em prol da conservação por amplos setores da sociedade. Muitas casas foram cedidas a estudantes no fim do século XIX para as manterem quando Ouro Preto teve um esvaziamento populacional com a transferência da capital para Belo Horizonte.
Lembro-me de ter lido inúmeras cartas de moradores da cidade dos anos 1960 que ofereciam suas casas para venda às escolas que hoje pertencem à UFOP como forma de manterem o patrimônio. Ou de registrar em livros os movimentos em defesa da cidade e das pessoas, como o Movimento Por Ouro Preto (anos 1970), o Escritório-Piloto nos anos 1980, a campanha Solidariedade Ufopiana nos anos 1990 e as ações da UFOP (agregando estudantes e as próprias repúblicas) junto à comunidade nos dias de hoje.
Ao invés de apoiar a ampliação das atividades das repúblicas em prol da sociedade, o Ministério Público quer reduzi-las. Ao invés de dar um voto de confiança aos moradores, o que se quer é punir os jovens com toda a força da lei. Ao invés de valorizar o que foi feito com o suor dos mais de 6.000 alunos que moraram nas repúblicas em termos de manutenção das casas, o que se quer é apagar a história de vida, de desprendimento, de dedicação e de protagonismo dos estudantes.
Os que construíram as repúblicas ao longo da história não permitirão nenhum retrocesso. Um pacto em defesa das repúblicas foi criado quando o estudante foi escolhido como morador. E é algo que vigora há muitas décadas e ainda está em pleno funcionamento. Se algo for alterado por órgãos incompetentes e colocar em risco as repúblicas (e o seu projeto) cada ex-aluno poderá exigir do Estado que cumpra o que a própria constituição reza: o interesse público como valor supremo.
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