Um projeto educativo para as repúblicas de Ouro Preto
Otávio Luiz Machado
Um assunto prioritário em Ouro Preto será o futuro das suas moradias universitárias, que é uma questão em pauta desde os primórdios do ensino superior no Brasil, pois foi a primeira reivindicação de um grupo de estudantes da Faculdade de Direito de São Paulo (a primeira instituição no país) que tinham dificuldades de encontrar casas na cidade, mas que acabaram sendo atendidos com a criação de vagas para moradia nos cubículos de um mosteiro que abrigava a Faculdade, em 1830.
Outro momento importante foi a criação da UnB, no início da década de 1960, a primeira universidade fundada sem a junção de outras escolas e com a função de irradiar um modelo dinâmico de ensino superior ao que já existia, cujo projeto inicial era construir moradia para abrigar todos os seus alunos e permitindo assim o intercâmbio de experiências entre eles.
Tudo indica que o aperfeiçoamento de moradia estudantil da UFOP irá passar pela adoção de um sistema heterogêneo, pois é o estudante – assistido por setores da universidade – que sabe qual o melhor lugar para se morar durante o seu curso universitário e o quanto isso é fundamental para o seu sucesso profissional. E o quanto a sua formação abrangente é de interesse do País.
A opção de moradia em república irá continuar com a autonomia, responsabilidade, gestão própria e bem sucedida até os dias de hoje. O alojamento e quartos individuais também serão mais repensados, principalmente com a participação de profissionais como pedagogos, assistentes sociais, sociólogos e psicólogos na elaboração dos projetos.
Como sabemos que a linguagem autoritária reduz tudo a uma única voz, visando afastar o diálogo entre as pessoas para criando guetos que interessam determinados grupos e não a sociedade como um todo, também sabemos que o mundo se transformou quanto mais dialogicamente as relações sociais se estabeleceram.
As melhores universidades do Brasil e do mundo sabem respeitar a opção de moradia dos seus estudantes. E é um assunto tratado dentro de um projeto pedagógico institucionalizado. No meu entender, o critério sócio-econômico não se aplica a nenhum dos modelos, pois é pedagogicamente recomendado que os próprios estudantes façam suas escolhas e aprenda o quanto antes a conviver com as diferenças.
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